Tenho uma teoria: acredito que somos todos, filhos e filhas de uma promessa que fizemos a nós mesmos e que há uma semente inerente ao nosso ser.
Acredito que recebemos talentos na medida de nossas possibilidades e, fazer com que estes talentos rendam em abundância, é uma tarefa básica da existência humana, assim como, a vocação é a voz de nosso mais íntimo desejo a nos convocar para uma tarefa pessoal e intransferível que representa a nossa contribuição singular ao Universo.
Descobri a mim mesma com uma portadora de múltiplas necessidades: necessidades de convívio com o próximo, de partilhar idéias e experiências, necessidade de aprender a enxergar o outro como indivíduo e ao mesmo tempo participante de uma coletividade.
O trabalho coletivo permitiu que eu visualizasse o ambiente escolar com sendo o grande meio de favorecimento de todas essas possibilidades. Passei assim a respeitá-lo, admirando ainda mais sua importância e capacidade de envolver e agregar valores múltiplos .
Assim pensando, iniciei minha participação no PROJOVEM cheia de expectativas. Tinha diante de mim um grande desafio: o de partilhar com jovens o meu sonho de vivenciar uma nova forma de aprender – ensinar.
Decorrido algum tempo, analiso minha participação no PROJOVEM como uma experiência prazerosa e dolorosa ao mesmo tempo. Prazerosa por constituir-se de desafios e propostas inovadoras e, dolorosa por esbarrar em idéias, atitudes e conceitos pré-definidos que erroneamente, projetaram campos de batalhas nas mentes dos que ainda temem o novo.
Creio que cada educador tenha um relato que sirva como exemplo para traduzir tal sensação. Busco em minhas recentes lembranças algo que sirva para expressar claramente este sentimento e me vem à mente a ocasião em que nós, professores e alunos, nos vimos totalmente excluídos de um momento festivo na escola sede do nosso núcleo. Nunca havia percebido tão claramente tal distinção e essa percepção me fez tremer, me indignou, mas também me impulsionou a continuar acreditando no sonho juvenil.
Atualmente, em vias de despedir-me de mais uma etapa de PROJOVEM, percebo que algo mudou. Tal mudança se reflete no convívio diário e nos faz perceber o rompimento de uma linha de distinção pelos próprios jovens. Jovens que superando idéias e preconceitos, recusaram-se a permanecer na distinção e optaram pela união.
A personificação de tal recompensa vem através de jovens estudantes que em meio ao momento festivo partilhado agora por todos, reflete diante da admiração de alguém e diz: “ – Mas, não somos todos estudantes?” . São jovens comprovando que as barreiras e os preconceitos existem, mas podem ser superados desde que haja determinação e boa vontade.
A partir daqui, não me atrevo a teorizar minha futura prática educativa, percebo porém, que esta concepção renovada, este investimento na dedicação e no profissionalismo que tomou forma através do PROJOVEM, se impõem e representam uma diferença num meio social hostil e cheio de armadilhas no qual muitos se perdem cultuando o hábito de usar palavras rebuscadas e vazias, ou nos palcos que são preparados para que cada um dê seu show particular.
Sigo acreditando em minha teoria, sei que ao final desse primeiro percurso terei dados suficientes para continuar acreditando.
Elineide (21/06/08)
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